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Circuitos com condutores paralelos

Um item muito importante a ser considerado na especificação de condutores para circuitos alimentadores é a utilização de condutores em paralelo. Na prática, no dia-a-dia, muitas vezes vemos profissionais do ramo se referirem a esta configuração como “circuito de duas pernas”.

Esta configuração pode ser muito útil para soluções práticas no caso de grandes correntes, trajetos com diversas curvas, infraestruturas existentes… De modo geral, onde seja necessário aplicar condutores mais esbeltos, seja por dificuldade de lançamento dos cabos, seja por limitação física de espaço.


PROBLEMA SILENCIOSO

A não observância dos corretas premissas para o lançamento de condutores em paralelo pode gerar severos problemas para a segurança e operação da instalação.

Como, por exemplo, um circuito trifásico, com alimentadores paralelos, com lançamento equivocado em seu trajeto. Este circuito trabalhou por 10 anos com com esta configuração errada, mas ao passo em que as instalações foram sendo ampliadas e a corrente circulante pelos condutores aumentou, foi observado um aumento na temperatura dos condutores. 

Figura 01: Conexão dos condutores na saída do painel: circuito trifásico balanceado.
Figura 03: Condutores com temperaturas muito divergentes.

Figura 02: Distribuição equivocada dos condutores no leito metálico.

ESPECIFICAÇÃO DE CONDUTORES EM PARALELO

A norma NBR 5410:2004 nos exige em sua seção 6.2.5.7 que no caso de ligação de condutores em paralelo na mesma fase ou polaridade, deve ser respeitado os limites máximos de temperatura especificados em sua Tabela 35.

Figura 04: Tabela 35 da NBR 5410:2014

Também, é exigência da norma NBR 5410:2004 que sejam previstas medidas para garantir a igual divisão de corrente entre os condutores paralelos. A norma informa que esta condição pode ser considerada satisfeita desde que os condutores paralelos tenham especificações idênticas, comprimento aproximado, ausência de derivações em seu percurso, entre outras providências.

Para instalação de cabos unipolares em paralelo, é imprescindível adotar-se disposições (arranjos) de fases que permitam manter as correntes equilibradas, evitando efeitos de indutivos gerados durante a condução. De uma maneira geral, a disposição em trifólio é a que mais permite este equilíbrio. Nunca se deve agrupar os cabos por fase em arranjos diferentes dos indicados abaixo:

Figura 05: Arranjo de condutores em trifólio.

Figura 06: Arranjo de condutores em disposição horizontal, contíguos.

Segundo MAMEDE (2011), podemos ligar condutores paralelos, conduzindo a mesma fase, seguindo às seguintes prescrições:

  • os condutores devem ter aproximadamente o mesmo comprimento;
  • os condutores devem ter o mesmo tipo de isolação;
  • os condutores devem ser do mesmo material condutor;
  • os condutores devem ter a mesma seção nominal;
  • a corrente conduzida por qualquer condutores não deve levar o mesmo a uma temperatura superior à sua temperatura máxima para serviço contínuo;
  • devem ser tomadas todas as medidas para garantir que a corrente seja dividida igualmente entre os condutores;
  • os condutores não devem conter derivações;
  • quando do uso de cabos unipolares, com seção superior a 50mm², agrupados nas configurações especiais adaptadas a cada caso, cada grupo deve conter todas as fases e respectivo neutro, se existir, escolhendo-se as configurações de modo a obter o maior entre as impedâncias dos condutores de cada fase;
  • quando do uso de cabos unipolares em trifólio, em formação plana ou em conduto fechado com condutores de seção igual ou inferior a 50mm², cada grupo ou conduto fechado deve conter todas as fases e o respectivo neutro, se existir.

Um ponto, desconhecido por muitos, é que a NBR 5410:2014 nos permite que a divisão entre as correntes dos condutores seja equacionada para cada condutor, individualmente, desde que seja realizado estudo específico para cada condutor. Na prática, isto nos dá a possibilidade de utilizar condutores com diferentes especificações e trajetos.

BIBLIOGRAFIA

  • MAMEDE, João. Instalações Elétricas Industriais. 8. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2011. 666 p.
  • ABNT NBR 5410:2004 Versão Corrigida:2008